No Brasil temos um cenário preocupante no que se refere a 4G. A tecnologia é cara, é incompatível com a maioria dos aparelhos e vai estar disponível em poucas cidades durante um bom tempo antes de se espalhar pelo país
quem sabe daqui uns 10 anos.
O primeiro grande problema é a faixa de frequência que será utilizada pela 4G.A 4G começa a operar no Brasil utilizando a tecnologia LTE (Long-Term Evolution) que é homologada pela UTI-R e possui dois aspectos fundamentais. O primeiro é que ela deixa de lado o padrão de transmissão usado na tecnologia GSM e passa a trabalhar com uma arquitetura de rede totalmente baseada em IP. Isso significa que a LTE
vai tratar tudo a ser transmitido como dados, até mesmo voz . O segundo aspecto, é que a LTE utiliza a tecnologia MIMO, ou seja,
múltiplas antenas tanto no lado transmissor quanto no receptor, o que melhora a performance da comunicação. Essas duas característica podem ser usadas para diminuir interferências na comunicação e para aumentar a taxa de transmissão de dados. A grande vantagem da LTE é que ela torna mais simples o upgrade de infraestrutura da 3G.
A tecnologia LTE permite que sejam usadas as frequências de 700Mhz para a 4G. No entanto, muito se discute devido ao fato de o Brasil estar disponibilizando apenas a faixa de 2.5Ghz. Mas qual a diferença?
É simples, a frequência de 700Mhz é utilizada para transmissão analógica de canais de TV, logo não pode ser usada para a transmissão de dados da 4G.
Agora vamos parar para pensar no sinal da TV analógica que existe hoje. Qualquer“buraco” que a gente possa imaginar que tenha uma TV e uma antena pequena daquelas de camelô, pelo menos a rede Globo vai pegar. O que eu quero dizer é que a faixa de 700Mhz permite que os sinais penetrem mais facilmente em prédios e casas, além do fato de o sinal ter um alcance muito amplo. Enquanto que a faixa de 2.5Ghz não. Isso significa que o sinal 4G no Brasil não vai ser estável e não vai ser fácil de usar.
Em 2016 termina o prazo para as emissoras de TV liberarem a faixa de 700MHz. Mas se você pensa que então em 2016, estará tudo resolvido, e que seu sinal vai ser melhor por que vamos mudar de faixa. Você se engana.
Erasmo Rojas, diretor da consultoria 4G Americas em entrevista à revista Veja fez a seguinte afirmação:
[...]A faixa de 2.5Ghz será mais utilizada em grandes cidades, e a de 700MHz será provavelmente utilizada em áreas rurais devido à suas características[...]Eu vejo enormes problemas nisso. Primeira coisa a se pensar é que utilizando a faixa de frequência de 2.5GHz o alcance e força do sinal é bem menor se comparado à faixa de 700MHz. Com isso, segundo especialistas, é necessário 3 vezes mais antenas utilizando a faixa de 2.5GHz para ter a mesma cobertura de uma antena que opera na faixa de 700Mhz.
Para grandes cidades como São Paulo, que já são completamente entupidas de antenas, isso é praticamente um ataque terrorista. Além disso, grandes cidades são selvas de pedra, vários prédios um colado no outro, e como disse anteriormente, o sinal em 2.5GHz não tem a força necessária para superar tantas barreiras e chegar até seu aparelho, pelo menos não com a mesma eficiência de sinais em 700MHz.
A 4G está sendo implantada com tanta pressa por causa da Copa? Ando sinceramente duvidando disso. Os estrangeiros que estiverem no país não conseguirão usar a suposta 4G justamente porque a faixa de 2.5GHz não é compatível com a maioria dos aparelhos disponíveis no mercado. A maioria dos países que têm 4G estão usando a frequência de 700MHz.
Eu citei apenas os problemas mais gritantes da vinda da 4G para o Brasil nesse plano desesperado e prazos de implantação irreais. Existem muitos outros, como por exemplo a mídia que só divulga as vantagens mentirosas pelo menos
por enquanto mentirosas favorecendo as operadoras que já começam a cobrar muito caro por aparelhos e planos 4G que não vão entregar metade do que prometem.
Basta começar a ler artigos pela Internet para ver os vários motivos que levarão a 4G no Brasil ter um início catastrófico. É lamentável.
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Publicado inicialmente em: Café do Programador